NVASÃO DE PRIVACIDADE
Gilberto Jasper
Jornalista/[email protected]
A vida moderna reserva surpresas inimagináveis há poucos anos. Al-guém poderia pensar em pagar para que outras pessoas dissessem o que vestir, comer, falar e para onde viajar? Pois esta é a realidade das redes sociais, onde o influenciador – ou “influencer”, é destaque.
Trata-se de uma figura pública que conta com milhares de seguidores e que dita tendências de determinado setor ou segmento. Esta nova modalidade de comunicador tem o poder de convencer milhões de pessoas a seguir suas dicas e opiniões.
É normal pedir sugestão a amigos para dirimir dúvidas. A nova tendência, no entanto, faz com que o influenciador seja pago para dar opinião, quase sempre para indicar marcas, produtos e empresas. É possível assegurar que o “influencer” realmente consome aquilo que sugere?
O mercado global do “marketing de influência” atingiu 16 bilhões de dólares em 2022, um aumento de 1,7 bilhão de dólares em relação a 2016, e o setor segue em crescimento. Além de depender de outras pessoas para de-finir seus gostos, vontades e opiniões, milhões de internautas ainda pagam por isso para acessar os “conselhos”, É normal?
A publicidade tradicional, que inclui anúncios em instrumentos tradicionais, como rádio, televisão, cinema, jornal e outdoors, a cada dia perde verbas milionárias para veiculações em redes sociais. Ligar marcas, serviços e empresas a determinadas personalidades é uma tendência cada vez mais presente.
O risco consiste na possibilidade de que estes famosos cometam desli-zes na carreira profissional ou no âmbito pessoal. Isso impacta diretamente nas marcas/empresas vinculadas a essas celebridades. Isso pode resultar em milhões em prejuízos e a necessidade de reconstruir marcas e até extinguir produtos.
Sou arredio às redes sociais, mas não é preconceito. Considero válida toda forma de comunicação, mas impressiona a volatilidade do público fã da telinha do celular. A escravidão reside na impossibilidade de milhões de pes-soas ficarem longe do celular e publicar detalhes íntimos do cotidiano.
Isso, somado à dependência dos “influencers”, é o “novo normal”, onde a tecnologia devassa nossa intimidade através de algoritmos invasivos, cuja invasão de privacidade é, sim, autorizada por todos nós.