• 11 de outubro de 2024

ERÓIS NA RECONSTRUÇÃO DE PESSOAS

 ERÓIS NA RECONSTRUÇÃO DE PESSOAS

Gilberto Jasper / Jornalista/[email protected]

                Que força misteriosa é esta que desloca milhares de pessoas dos mais longínquos lugares para ajudar desconhecidos em cidades que jamais visitaram? Qual a origem desta energia capaz de fazer com que um exército heterogêneo abandone moradias, empregos e o convívio com amigos para mergulhar numa missão humanitária nos confins do Rio Grande do Sul?

                O desprendimento dos voluntários é um fenômeno que a cada tragédia deixa a todos boquiabertos, intrigados diante de uma vasta mobilização ocorrida nos mais diversos lugares. Do Estado, do país e do planeta, convergindo para comunidades dizimadas pelas águas.

                Desde o começo de maio o mundo assiste atônito uma das mais impressionantes hecatombes climáticas da história. A burocracia dos órgãos públicos, a paquidérmica estrutura de organismo que deveriam ser ágeis, presentes e eficientes – sustentados pelos nossos impostos – fortalecem a importância destas mobilizações espontâneas. Sem elas, o desastre seria ainda mais cruel. E fatal.

                A força do voluntariado é um prodígio comum em países desenvolvidos. Desde a mais tenra idade, crianças e adolescentes são incentivados – e instruídos – a participar de ações que visem o bem comum. Entre nós, no entanto, ainda é discreto o engajamento de boa parte da população que, diante de três enchentes fenomenais em sete meses, aprendeu com a dor a valorizar o trabalho voluntário.

                O segredo do sucesso do voluntariado é seu caráter permanente. Significa que mesmo em tempos de “normalidade” esta multidão de bons samaritanos trabalha incessantemente. Não é preciso ocorrer uma catástrofe para injetar ânimo determinação a esta gente. Fazem o bem sempre porque vislumbram necessitados em todo lugar.

                Nosso Rio Grande está devastado. A cada foto, reportagem ou depoimento brota o choro do semblante dos gaúchos. Um sentimento de impotência invadiu a todos nós. Uma espécie de culpa por não conseguirmos ajudar mais. Ver homens, mulheres, idosos, crianças, animais e residências destruídos pelas águas deixará marcas profundas em todos nós.

                Reconstruir o Estado exigirá muitos recursos. Reconstruir as pessoas vai exigir muito mais!

RS Norte

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