• 4 de outubro de 2024

Neurologista Dr. Diego Dozza: Cirurgia para Doença de Parkinson

 Neurologista Dr. Diego Dozza: Cirurgia para Doença de Parkinson

Mais uma vez volto a falar sobre a Doença de Parkinson e seu tratamento cirúrgico para relembrar alguns aspectos da doença e possibilidades terapêuticas.

A Doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo progressivo que afeta o sistema nervoso central que é caracterizada pela degeneração dos neurônios dopaminérgicos, causando tremores, rigidez muscular, bradicinesia (movimentos lentos), instabilidade postural e outros sintomas motores. Embora não haja cura para o Parkinson, existem diversas opções de tratamento disponíveis, incluindo medicamentos, terapias e, em casos selecionados, a cirurgia conhecida como Estimulação Cerebral Profunda (DBS, na sigla em inglês).

A Estimulação Cerebral Profunda (DBS) é um procedimento cirúrgico que envolve a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro afetadas pela doença de Parkinson. Esses eletrodos são conectados a um dispositivo semelhante a um marca-passo chamado gerador de impulsos, que é implantado sob a pele, geralmente no tórax. O gerador de impulsos emite pulsos elétricos de baixa intensidade que ajudam a modular a atividade neural disfuncional, aliviando os sintomas motores.

A cirurgia de DBS é considerada uma opção de tratamento eficaz para pacientes com doença de Parkinson que não respondem adequadamente aos medicamentos ou que apresentam efeitos colaterais significativos. Geralmente é indicada quando a pessoa já possui 4 anos de sintomas. Ela pode melhorar os sintomas motores, reduzir a rigidez e os tremores, aumentar a mobilidade e a qualidade de vida.

Antes de realizar a cirurgia, os pacientes passam por uma avaliação completa, incluindo testes neurológicos, exames de imagem cerebral e avaliação neuropsicológica. O processo cirúrgico em si envolve a fixação dos eletrodos em áreas específicas do cérebro, geralmente os núcleos subtalâmicos ou o globo pálido. A colocação precisa dos eletrodos é fundamental para obter resultados terapêuticos adequados e minimizar os riscos. O objetivo primário do DBS é reequilibrar o circuito cerebral através de uma estimulação elétrica seletiva e reversível do núcleo selecionado, melhorando o déficit neurológico e, também comportamental.

Após a cirurgia, os pacientes passam por um período de ajuste dos parâmetros do dispositivo, que são personalizados para cada indivíduo. Os médicos realizam uma série de ajustes para otimizar a estimulação cerebral e obter os melhores resultados em termos de controle dos sintomas e redução dos efeitos colaterais. O acompanhamento deve seguir de perto após a cirurgia para monitorar a eficácia do tratamento e fazer quaisquer ajustes necessários.

Embora a Estimulação Cerebral Profunda seja considerada uma opção segura e eficaz, existem riscos associados à cirurgia, como infecção, sangramento, lesão cerebral e reações adversas à anestesia. No entanto, com a seleção adequada dos pacientes e a experiência de equipes médicas especializadas, os benefícios geralmente superam os riscos.

A cirurgia de DBS não é apropriada para todos os pacientes com doença de Parkinson, e a decisão de submeter-se ao procedimento deve ser baseada em uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios individuais. Além disso, é importante ressaltar que a cirurgia não cura a doença de Parkinson, mas pode ajudar a controlar os sintomas motores e melhorar a qualidade de vida. A pessoa acometida ainda precisa tomar medicação e manter o acompanhamento multidisciplinar com fisioterapia, fonoterapia. As medicações são reduzidas gradualmente ao longo de vários meses enquanto se regula o aparelho até que se atinja a melhor resposta. O gerador é ligado geralmente entre 20 e 30 dias após a cirurgia (há algumas equipes que fazem isto no pós-operatório imediato).

Mas infelizmente a realidade em que vivemos é mais complexa e o paciente acaba sendo referido para o especialista quando a doença está muito avançada. Assim, sempre que possível o especialista deve ser consultado para orientar melhor cada paciente e auxiliar na melhora funcional. Ainda ocorre falta de conhecimento sobre o assunto por parte da população geral e mesmo entre os médicos, assim, existe uma parcela enorme de pacientes que poderiam se beneficiar deste tratamento, mas acabam não tendo a oportunidade de realizá-lo.

Locais de atendimento:
Passo Fundo – Rua Teixeira Soares 1117, sala 501, tel (54) 3622-2989/3622-2990
Palmeira das Missões – Rua Rio Branco, 989, Sala 301, Edifício Athenas, Centro – Tel (55) 3742-4909
Frederico Westphalen – Clínica Raimed, Rua Tenente Portela 435, tel (55) 3744-3100

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