• 19 de maio de 2025

PARADOXOS DA VELHICE 

 PARADOXOS DA VELHICE 

Gilberto Jasper – jornalista

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O aumento da longevidade tem gerado inúmeros paradoxos. Os avanços da medicina, somados às descobertas da indústria farmacêutica, aumentou em muito a expectativa de vida, inclusive em países com grandes desigualdades sociais, como o Brasil.

Sou do tempo em que morrer aos 50 anos era considerado “morrer velho”. Época de muitas doenças sequer detectadas. As vítimas do câncer – fenômeno ainda presente em nosso cotidiano – ceifava vidas aos milhares, com raríssimas chances de cura ou redução de danos.

Hoje é possível, além de combater com sucesso os sintomas de inúmeras doenças, detectar com antecedência a ocorrência de moléstias de todo tipo. Exames preventivos, realizados periodicamente, salvam milhares de vidas todos os anos, apesar das dificuldades de acesso daqueles que dependem do Sistema Único de Saúde. É um modelo revolucionário em termos mundiais, mas cuja manutenção constitui dor-de-cabeça permanente aos administradores.

Chegar-se aos 100 anos, algo impensável até poucos anos, traz consigo o desafio de manter uma qualidade mínima de vida. Multiplicam-se casos de idosos cuja atenção causa desestruturação familiar. Exigindo cuidados constantes, os velhos tornam-se fardos em lares carentes ou não, onde a falta de recursos financeiros impede a contratação de cuidadores ou a internação. Além disso, os parentes precisam trabalhar. O que fazer com o idoso que muitas vezes sofre de demência, tem dificuldades de locomoção ou torna-se agressivo no trato diário?

É triste ver o ocaso de vidas pautadas pela energia, alegria, dedicação ao trabalho e à benemerência, mas que hoje apenas sobrevivem. Você, leitor, certamente lembrou de inúmeros casos que se enquadram na descrição feita no parágrafo anterior. São personagens presentes em inúmeras famílias. Eles estão em metrópoles e no interior do país. Este, talvez, seja um dos maiores desafios humanos da modernidade, pautada pela tecnologia onipresente em todos os segmentos de nosso cotidiano.

Impõem-se perguntar: o que fazer para assistir, sustentar e tratar com dignidade aqueles que alcançaram a longevidade que faria inveja a nossos antepassados, mas cuja qualidade de vida está muito aquém do mínimo esperado para um ser humano?

RS Norte

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