• 11 de outubro de 2024

OS PRÓXIMOS DESAFIOS

 OS PRÓXIMOS DESAFIOS

Gilberto Jasper

_Jornalista/[email protected]

                Depois da maior tragédia climática do Rio Grande do Sul chegamos a dois momentos tão ou mais sensíveis que os resgates protagonizados por milhares de heróis anônimos no começo deste doloroso capítulo da história do nosso Estado. A partir de agora teremos que resolver o problema que envolve a transição da população que lota abrigos e residências de amigos, vizinhos, colegas de trabalho e familiares. Outro desafio é reconstruir psicologicamente a multidão que perdeu tudo – casa, objetos de valor afetivo e entes queridos.

                Ainda é grande o contingente de pessoas que ainda não conseguiram acessar as residências. O nível da água cede muito lentamente, agravando o sofrimento que parece não ter fim. Milhões de gaúchos convivem com a ansiedade de não poder voltar para casa e encarar a dura realidade que se avizinha no pós-enchente. Vídeos e depoimentos chegam a todos nós e mostram o terror do lodo mal cheiroso e onipresente, das imagens das lembranças  destroçadas e das fotos-biografia destruídas pela fúria da natureza.

                É impensável imaginar que o retorno será tranquilo, mesmo daqueles que salvaram parcela dos bens. As sequelas jamais desaparecerão. Estarão latentes e irão emergir a cada dia de chuva. A vontade é mudar de endereço é constante, mas a realidade obriga a permanência no mesmo lugar onde o horror invadiu a rotina destes gaúchos.

                Já a reconstrução psicológica é tema para especialistas. É o universo de pessoas forjadas pela experiência para ajudar, ouvir, incentivar e estabelecer vínculos capazes de ao menos minimizar os episódios traumáticos de maio de 2024.

Para eles são tarefas rotineiras em consultórios, unidades de saúde, hospitais ou mesmo que trabalham de maneira voluntária. Assusta, porém,  porque se trata de uma empreitada gigantesca pelo volume de pessoas atingidas e pela intensidade do trauma protagonizado.

                Acomodar todos os flagelados, dando-lhe casa com dignidade e novo endereço exigirá, acima de tudo, muita paciência. A burocracia que marca a aplicação do dinheiro de todos os brasileiros é estímulo à corrupção e de imensa demora. Sem a força do voluntariado e da iniciativa privada, milhões de gaúchos continuarão ao relento por meses. Talvez anos.

RS Norte

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