• 8 de outubro de 2024

Os desafios da saúde pública nos tempos atuais

 Os desafios da saúde pública nos tempos atuais

*Gerson Luís Batistella

A sociedade brasileira espera de seus gestores públicos a resolução de suas necessidades, especialmente, aquelas relacionadas com as áreas de saúde e educação.

No Brasil, a grande maioria da sua população depende do poder público constituído constitucionalmente para que provenha algumas de suas necessidades, haja vista o baixo poder aquisitivo e a extrema dificuldade dessa significativa parcela da população em acessar os serviços de ensino e de saúde privados. Nesse contexto, espera-se que eficientes e efetivos planejamentos públicos possam contemplar, mediamente, o pleno anseio da sociedade.

As necessidades das pessoas em termos de saúde têm evoluído ao longo dos anos e, especialmente, após o período pandêmico de COVID19, revelou novas e amplas demandas a exigir, dos serviços públicos, especial atenção.

Observamos o incremento de demanda por serviços de fisioterapia, ações medicamentosas, psicológicas e psiquiatras. Ou seja, o montante de recursos a serem aplicados, em saúde pública, tende a aumentar, pressionando ainda mais as finanças públicas municipais.

Paralelamente a isso, uma demanda que não é nova, mas acentuou-se nos últimos anos diz respeito à necessidade de que se promovam ações e investimentos efetivos nas pessoas com Transtorno do Espectro Autista – TEA. Precisamos de maiores investimentos na formação de profissionais que estejam efetivamente preparados para bem lidar, cuidar, tratar e desenvolver essas pessoas com TEA bem como suas famílias.

Impõe-se, à administração pública, um novo olhar, um novo planejamento, novas ações, mas, fundamentalmente, reconhecer que estamos diante de uma nova e forte demanda em termos de recursos e ações públicas, com os seus reflexos inclusive na área educacional, haja vista a necessidade de que educadores e o sistema de ensino como um todo caminhem também nessa direção, visando o princípio de inclusão de todos.

Ademais, em termos de efetividade em gestão pública, saúde e educação devem ser pensadas e planejadas conjuntamente, pois se interligam.

Os investimentos públicos até aqui, mediante a instalação de centros regionais de atendimento referenciais em TEA, têm-se revelado insuficientes. É preciso pensar o planejamento público mediante a instalação de centros municipais especializados, podendo ser consorciados entre municípios próximos, dotados de infraestrutura compatível à nova realidade que vivenciamos, tornando os ambientes mais inclusivos e resolutivos.

É preciso preparar as pessoas, os educadores, as escolas, os profissionais de saúde, destinar uma estrutura em localização apropriada, com recursos materiais e equipamentos que possam contribuir efetivamente para o correto atendimento e cuidado dessas pessoas e suas famílias.

O equilíbrio emocional das famílias que tem um membro ou membros, com TEA, não deve ser desconsiderada.

Urge o investimento público na contratação de profissionais, especialmente, para se relacionar com os familiares enquanto profissionais especializados também cuidam das pessoas com TEA.

Não podemos, como sociedade, considerar essa uma necessidade de baixa representatividade, pelo contrário, os relatos, as estatísticas, o cadastramento de casos e situações tem revelado essa nova realidade a impor a tomada de decisão que caminhe na efetividade e na resolutividade dessa demanda crescente.

Uma sociedade somente se desenvolverá, economicamente falando, quanto ocorrer um equilíbrio entre o lado pessoal e familiar e as ações relacionadas com a atividade econômica. Não podemos esperar desenvolvimento econômico sem saúde, especialmente a emocional e o cuidado com as pessoas. Não podemos esperar desenvolvimento econômico sem a educação preparada para atender e educar sua população. É momento de repensarmos políticas públicas, o papel da gestão pública municipal, estadual e federal, definir prioridades pautadas no atendimento das necessidades de sua sociedade; muitas vezes, são investimentos que levam anos a mostrarem resultados, principalmente quando tratamos de saúde e da nossa educação.

A razão de termos e sustentarmos a administração pública brasileira reside especialmente no entendimento de que compete a ela gerir e satisfazer as necessidades de sua população, é para isso que gestores (as) são eleitos de forma democrática, pela vontade da maioria das pessoas que votam. Não temos mais espaço e dinheiro para apenas implementar projetos ou objetivos de gestores ou de uma pequena parcela da população. É preciso diagnosticar, planejar, repensar, priorizar e agir em termos de gestão pública, pois as pessoas querem e precisam de resultados, de resolução.

Por outro lado, nós, enquanto sociedade, precisamos compreender que a qualidade e a avaliação de uma grande gestão pública não são medidas pelos metros construídos de obras, embora essas sejam necessárias e muitas vezes antecedentes para que se possam efetuar demais gastos e investimentos. Mas não podemos deixar de investir em saúde e educação da nossa população. Com o passar dos anos, uma sociedade escolarizada e saudável possui plenas condições de contribuir para o desenvolvimento econômico, a geração de renda, o incremento de tributos, propiciando um salto qualitativo em todos os aspectos! Boa reflexão a todos!

Gerson Luís Batistella. Administrador. Professor de Gestão Pública da Universidade Regional Integrada – URI, Frederico Westphalen. Professor-instrutor da Escola Superior de Gestão e Controle do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul – TCE/RS. Auditor de Controle Externo do TCE/RS. Coordenador Regional do TCE/RS em Frederico Westphalen/RS.

RS Norte

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