Neurologista Dr. Diego: Fibromialgia, há solução?
A fibromialgia é uma dor musculoesquelética crônica, generalizada, acompanhada por rigidez, parestesia (sintomas de formigamento), distúrbio do sono, fadiga, sintomas somáticos e alterações cognitivas. Apesar da ocorrência em vários locais do corpo, a fibromialgia não está associada a reação inflamatória tecidual e a característica principal é que a dor não pode ser explicada por uma doença reumatológica ou sistêmica. Portanto, existem diversos diagnósticos diferenciais como, por exemplo, artrite reumatoide, espondilite, lúpus, síndrome da fadiga crônica ou da dor miofascial, entre outras. E ainda para complicar mais as coisas, a fibromialgia pode coexistir com estas patologias.
Ocorre predominantemente no sexo feminino e com maior prevalência entre os 30 a 50 anos de idade. A sua causa ainda é bastante controversa, mas já se sabe que a privação do sono, baixos níveis de serotonina, redução dos níveis de GH, auxiliam na sensibilização central, sendo considerada uma desordem na regulação da dor, que permite uma amplificação do sinal neural resultando em uma hipersensibilidade à dor. Além disso, cerca de 30% dos pacientes têm diagnóstico psiquiátrico associado, como depressão, ansiedade, somatização, hipocondria, e questiona-se se isso seria uma causa ou consequência. Existem vários fatores desencadeantes como o estresse emocional, infecções, cirurgias, hipotireoidismo, traumatismos, mas algumas vezes não há fator identificável. Portanto, outras causas de dores devem ser excluídas para fazer o diagnóstico de fibromialgia.
O tratamento inicial deve ser feito com medidas não-farmacológicas como educação do paciente sobre a doença, higiene do sono, programa de exercícios com alongamento, atividade aeróbica, reforço muscular e necessidade de acompanhamento multidisciplinar, como psicoterapia como a terapia cognitivo comportamental. A fibromialgia é uma doença real e causa dor difusa, não é “uma imaginação da sua cabeça”. É necessária uma mudança progressiva para adquirir melhor qualidade de vida.
Os exercícios físicos são fundamentais e deve-se evitar ao máximo o sedentarismo. Na maioria das vezes, o início das atividades físicas pode até mesmo piorar a dor e o cansaço, mas o paciente deve persistir, pois o benefício funcional é importante. O mais recomendado é a atividade cardiovascular de baixo impacto com aumento gradual da carga, respeitando a preferência individual. Nadar, caminhar (não passear olhando vitrines!), andar de bicicleta e hidroginástica são boas opções. Estas devem ser realizadas no mínimo 30 minutos por dia e três vezes por semana. De preferência sempre orientadas por profissional habilitado. A prática de yoga e tai chi também auxiliam.
Outra opção de tratamento é a realização da neuromodulação. Esta pode ser realizada com a estimulação magnética transcraniana (TMS) ou estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS), além da aplicação de estimulação elétrica transcutânea. A neuromodulação do nervo occipital também se mostrou efetiva no controle da dor.
Também são realizados bloqueios nervosos dependendo do local e da severidade da dor. Uma modalidade é o chamado bloqueio simpático venoso que tende a atenuar as dores de uma forma geral. Podemos utilizar também a proloterapia, mesoterapia e uso de biológicos de acordo com a disfunção encontrada nos exames.
Como se percebe o tratamento da fibromialgia é complexo e de longo prazo. Portanto, a paciência e a persistência devem ser estimuladas diariamente para se atingir um bom resultado. Seja forte!
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