Gilberto Jasper: O MELHOR DA VIDA
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Sempre fui muito conectado com minhas raízes, através da busca de contato com amigos de longa data. Neste aspecto, as redes sociais oferecem preciosas ferramentas de busca capazes de permitir o encontro de pessoas queridas que se perderam nestas encruzilhadas da vida.
Na velhice, o hábito de resgatar contato com antigos parceiros, que em algum momento da minha trajetória foram importantes – e, por isso, inesquecíveis – se acentuou. A pandemia e a recente tragédia das enchentes de maio frearam um pouco o ânimo, mas não apagaram esta chama de reencontro.
Nasci no interior de Arroio do Meio, no Vale do Taquari. Foi um dos municípios mais devastados pelas águas do rio Taquari, com bairros inteiros que desapareceram, deixando um rastro de destruição, dor e prejuízo.
Costumo passar ao menos dois finais de semana por lá. Gosto de caminhar pela cidade e de percorrer localidades do interior que, em sua maioria, têm acessos pavimentados, casas confortáveis e propriedades rurais diversificadas. É uma paisagem muito diferente das estradas de barro ou de poeira da minha infância quando eu morava longe do centro da cidade.
Este ano, como faço há muito tempo, reuni amigos no bar de Porto Alegre, no boêmio bairro da Cidade Baixa, para comemorar meus 64 anos. Há algum tempo o Bar do Beto é sede deste encontro anual. É uma oportunidade de rever pessoas que só vejo nesta comemoração. Dia 14 ouvi, durante toda a noite, uma frase que simboliza o sentimento que compensa as agruras do cotidiano e enche o coração deste velho de alegria:
– Giba, raramente eu saio de casa, mas não poderia deixar de te dar um abraço e encontrar amigos de muitos anos que só encontro aqui. Teu aniversário já virou uma tradição! – repetem vários parceiros.
Leitores podem considerar este sentimento uma nostalgia ou tristeza. Em mim, porém, estas ocasiões fortalecem a lembrança de que fazer amigos é o bálsamo da vida. Neste momento em que a idade pesa faz toda diferença saber que a caminhada foi forjada por amizades duradouras.
Confrarias, grupos de amigos, fãs clubes de velhos artistas e recordações da internet sobre produtos e hábitos antigos resgatam o que de melhor o ser humano pode conservar: as amizades.