Famílias do interior do RS alertam para crise em outros setores durante Tratoraço
Do Norte ao Sul, o Rio Grande do Sul está representado no Tratoraço organizado pela SOS Agro RS nesta quinta-feira, em Porto Alegre. Mesmo de longe, produtores rurais vieram para o Parque Harmonia para reivindicar auxílio para suas manter atividades.
O agricultor Marnei Toniolo saiu de Soledade durante a madrugada para participar do ato. “Viemos de uma safra precária. Tivemos estiagem por três anos e agora, na última safra, sobrou chuva. Esperamos por uma ajuda federal. Temos dívidas para pagar e não sabemos o que vai acontecer”, afirmou.
O transportador Alex Fagundes Goulart, de Cachoeira do Sul, também endossou o pedido de socorro para o agronegócio gaúcho. Segundo ele, comerciantes e empresários de outros segmentos também deveriam participar da mobilização.
“É toda uma cadeia que depende do agro. Diminuindo a produção, vai reduzir o transporte e muitos vão correr risco de perder o emprego. E não só para nós. Também pode refletir no borracheiro, no mecânico e assim como em qualquer comerciante da cidade, que também deveriam estar aqui hoje. Se o interior não produz, não vai dinheiro para a cidade”, alertou.
Cultura gaúcha também em destaque
A rotina do agricultor gaúcho tem relação direta com a cultura do RS. Por isso, a pequena Maria Eduarda Debom Schönhonfen, de 14 anos, acompanhou seus pais na mobilização ao lado de sua gaita de oito baixos. Segundo a mãe da adolescente, Fabiana, Duda é aluda na Fábrica de Gaiteiros de Renato Borghetti em Barra do Ribeiro, onde a familia mora. Durante o intervalo do ato, ela tocou a música Milonga Para as Missões no palco do evento.
“Eu trouxe pois pensei que podia tocar o hino riograndense. Mas também gosto de ir treinando onde dá, tanto para eu tocar como para fazer as pessoas felizes. Até porque a lida do campo é muito próxima da cultura gaúcha”, contou a jovem artista.
Apesar disso, a família não deixou de reivindicar as demandas do agronegócio gaúcho. Dois tratores da propriedade rural foram trazidos para o Tratoraço. O deslocamento, segundo Fabiana, ocorreu ainda no final da tarde de quarta-feira.
Parte inferior do formulário
“É o emprego da gente que está indo embora. Na enchente, nós agradecemos por não perder a casa ou a vida, mas perdemos a nossa produção de soja. No momento em que o agricultor sofre com isso, ele deixa de comprar no comércio, deixa de passear, diminui as compras no mercado, não compra novas máquinas agrícolas. Então é toda uma cadeia que é impactada com o dinheiro deixando de circular”, reforçou a produtora.
CORREIO DO POVO/ Rodrigo Thiel
Foto: Ricardo Giusti