EMENDAS DA VERGONHA
Gilberto Jasper
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R$ 50 bilhões do nosso suado dinheiro serão gastos em emendas parlamentares. É dinheiro que os dignos representantes do povo podem destinar a quem quiserem. Mal a “torneira” foi aberta e já se multiplicam notícias do encaminhamento de milhões a parentes. São prefeitos e prefeitas, familiares destes deputados, que deverão “aplicar” os recursos. Estas informações só se tornam públicas graças aos blogs, sites e redes sociais. A “grande mídia” omite o escândalo perpetrado com dinheiro dos impostos que assaltam o bolso dos brasileiros.
Ao mesmo tempo seguem as entrevistas coletivas de anúncios de verbas fabulosas destinadas ao Rio Grande do Sul e da publicidade em rádio, jornal e tevê. De concreto, no Vale do Taquari, região atingida há dez meses pela primeira enchente, nenhuma residência foi sequer iniciada.
Pequenos comerciantes e o povão flagelado ganharam migalhas. A geração de empregos, turbinada pelos microempreendedores, continua estagnada à espera da concretização dos anúncios. Do pouco que veio boa parte são antecipações. De verdade, dinheiro “novo” é escasso.
Para quem acompanha há décadas o noticiário político, não há surpresa em relação a promessas não cumpridas. É notório que tão logo os veí-culos de comunicação reduzem os espaços de cobertura para que as soluções se transformem em pó. A repercussão midiática produzida pelas primeiras semanas de noticiário da tragédia é um trem que lota à medida que o público se choca com a catástrofe. Na mesma medida, este “trem” esvazia, conforme o noticiário sobre as enchentes seja reduzido.
Dói muito assistir famílias inteiras desde 2023 ainda morando em abrigos, em casa de parentes ou de favor, com amigos, cujo sentimento de empatia não fica apenas no papel. Em ano eleitoral, os prefeitos encontram-se numa situação delicada. São cobrados todos os dias. Na rua, no armazém, na cancha de bocha ou mesmo na igreja. Não podem reclamar publicamente da escassez de recursos. Se fizerem isso, os recursos que chegam em conta-gotas serão cortados e as dificuldades serão ainda maiores.
Resta acreditar na iniciativa privada e na força da comunidade que já reconstruiu pontes, ergueu residências e, ao invés de ser revoltar, implementa soluções de verdade.