Neurologista Dr. Diego Dozza: As maiores dores do mundo
A dor é uma experiência universal que todos enfrentamos em algum momento. No entanto, algumas dores são conhecidas por sua intensidade extrema. Vamos conversar sobre três delas relacionadas ao sistema nervoso: a neuralgia do trigêmeo, a cefaleia em salvas e a neuralgia pós-herpética.
1. Neuralgia do Trigêmeo
A neuralgia do trigêmeo é uma das dores mais intensas e incapacitantes conhecidas. Ela afeta o nervo trigêmeo, responsável pelas sensações (sensibilidade) no rosto. Os sintomas incluem uma dor facial intensa e súbita, semelhante a choques elétricos que podem ser desencadeadas por atividades diárias como tocar o rosto, mastigar ou até mesmo falar.
O diagnóstico é baseado na descrição dos sintomas e na exclusão de outras condições, utilizando exames de imagem como a ressonância magnética para descartar lesões estruturais cerebrais. É muitas vezes confundida com sintomas dentários e, por isso, alguns pacientes realizam até tratamentos para extração de dentes, achando que o problema seria ali.
Os tratamentos incluem medicamentos anticonvulsivantes como a carbamazepina e, em casos resistentes, procedimentos cirúrgicos como a descompressão microvascular. Mas também existem tratamento percutâneos como a radiofrequência e ablação por balão.
2. Cefaleia em Salvas (Cluster Headache)
A cefaleia em salvas é frequentemente referida como a “dor de cabeça suicida” devido à sua intensidade avassaladora. Caracteriza-se por ataques de dor excruciante em um lado da cabeça, geralmente ao redor do olho, acompanhados por sintomas autonômicos como lacrimejamento e congestão nasal. As crises ocorrem em surtos, com períodos de remissão variáveis.
O diagnóstico é clínico, baseado na apresentação típica dos sintomas e na exclusão de outras causas. Exames de imagem podem ser realizados para garantir que não haja condições subjacentes.
O tratamento agudo mais eficaz é a inalação de oxigênio a 100%, além de injeções de triptanos. Para prevenção, medicamentos como verapamil e o uso de neuromodulação têm mostrado eficácia.
3. Neuralgia Pós-Herpética
A neuralgia pós-herpética é uma complicação dolorosa do herpes zóster, comum em indivíduos mais velhos. Ela ocorre quando a dor persiste mesmo após a cura das lesões cutâneas do zóster. Os sintomas incluem uma dor queimação ou lancinante no local das erupções.
O diagnóstico é feito com base no histórico de herpes zóster e na presença de dor contínua após a resolução das lesões cutâneas.
O manejo inclui o uso de anticonvulsivantes, antidepressivos tricíclicos e lidocaína tópica. Recentemente, a vacinação contra o herpes zóster tem se mostrado eficaz na prevenção da neuralgia pós-herpética. Existem também procedimentos percutâneos que podem ser utilizados para amenizar a dor.
Estas condições não são apenas fisicamente debilitantes, mas também impactam a qualidade de vida. Conhecer os sintomas e opções de tratamento é essencial para o manejo eficaz e para melhorar o bem-estar dos pacientes. É muito importante estar atento para uma dor atípica e procurar um médico especializado no assunto para não correr risco de realizar um tratamento ineficaz ou mesmo prejudicial.
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